PÁSSARO BRANCO
Era o meu pássaro branco
sobrevoava o meu chão
tinha penas luzidias
asas leves como o ar.
Era o meu pássaro branco
planava, riscava o céu
não pousava, não queria,
levava dias no ar
largava, na noite fria,
descolava do meu chão.
Tinha vida de andarilho,
ninguém lhe sabia o rasto
ninguém de sabia a cor.
Só eu, calada, sabia
fazê-lo pousar no chão
dar-lhe espaço, sem ser fria,
dar-lhe alento, sem retorno,
deixá-lo ser uma ave
deixá-lo ser andarilho
vê-lo largar do meu chão
onde nada acontecia
que o fizesse pousar
fechar asas, fazer vida
sempre naquele lugar.
Era o meu pássaro branco
que um dia se quis soltar
ele era ave do céu
livre e branca, mas temia
deixar-se um dia amarrar.
Era o meu pássaro branco
de asas leves, a planar
a trazer-me o seu encanto
de ave à solta, sem pousar.
Aida Araújo Duarte
in “Poetas do Reencontro
- Irmandade Poética e Artistas Galaico-Lusa”
lido por Ester de Sousa
e Sá
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