quinta-feira, 24 de outubro de 2019

SILÊNCIO DE VOZES

SILÊNCIO DE VOZES

No silenciar das vozes
Há sons que ecoam,
Que falam sem serem ouvidos,
Que despertam mentes,
Que causam alertas
E chegam até ti
Como pequenos gestos
Que tanta vez não percebes.

Palavra em silêncio calada
Não é palavra apagada.
É guardada não sendo dita,
Mas pode ser percebida
Através de um olhar
Que não a sabe guardar
Ou da mão através da escrita.

Tantos silêncios silenciaram
E tanta gente arrumaram
Sem ninguém se aperceber,
Talvez porque não leram o olhar
De alguém que ousava avisar
Ou então não quiseram saber.

Porque os silêncios falam
Ou para sempre calam
Quando resolvem silenciar
Vozes que ecoam e dizem não,
Fortes, ruidosas e com razão,
Mas que não se podem pronunciar.

É que os silenciadores apagam
E maldosamente tragam
Até se digladiar
Vozes incómodas, insuportáveis,
Que eles não acham agradáveis
E em silêncio sabem silenciar.

Conceição Freitas
in "Coletânea Galeria Vieira Portuense 2019"
lido por Manuel Fernando Almeida

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