Terá “a chave”
Para interpretar
Na sua totalidade
O SER HUMANO?!
Não raras vezes
Um olhar magoado
Nos dá a leitura possível
De traços anímicos
E de personalidade,
Tão íntimos,
Quanto enigmáticos.
Nasci
Na hora
Em que as aves
Desenhavam em voos
Percursos do meu
Caminhar!
Não podia eu
Conhecê-los
Acabado de chegar,
Cordão umbilical
Cortado,
Separado afinal,
Biologicamente,
De minha mãe
Alicerce do meu
Existir!
Já coabitava, em mim,
No entanto,
A ânsia interpretativa
Da vida.
E assim cresci
Desenhando em voos,
Qual ave,
Percursos que me levassem
A horizontes sem fim!
Vivi assim,
Com encontros
E desencontros,
Ganhando
Perdendo!
Lutando, alegrando -me,
Sofrendo,
Mas sempre...
Vivendo!
Talvez por isso,
Hoje,
Desenhando
Na minha imaginação
Voos de sentimentos,
Eu tenha tão presente,
A tua imagem,
Minha mãe!
Talvez e também
Ainda, porque,
Quando eu nasci
Nessa hora em que
As aves desenhavam
Em voos,
Percursos do meu caminhar,
Talvez, minha mãe,
Eu tenha desenhado,
Tal como as aves,
Em voos de busca infinda,
O teu rosto
A tua recordação
Tão viva e impressa
No meu afecto,
No pulsar
Do meu coração!
Vivo em paz,
Na busca possível
Do desenho
Que as aves
Imortalizaram,
Lá no Cosmos sem fim,
De traço tão intenso
Como este sentimento
Que agasalho
Dentro de mim!
Á memória
De um grande amigo
Eduardo Taveira da Mota,
Que um dia surpreendi,
Olhando o retrato
De sua mãe!
Paula Nisa
in "Coletânea Galeria Vieira Portuense 2019"
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