CANÇÃO DE VIANA
Eu sou de Viana cidade.
Eu sou de Viana que é
vila.
Sou de Viana e sou da
aldeia
Sou do monte e sou do
mar.
A minha terra é Viana!
Quem diz Viana, diz
Cerveira,
Quem diz Cerveira, diz
Arga…
— Só dou o nome de terra
Onde o da minha chegar!
Dancei a Gota em Carreço,
O verde Gaio em Afife
(Dancei-o devagarinho
Como a lei manda bailar!)
Dancei em Vile a Tirana
E dancei em todo o Minho
E quem diz Minho, diz
Viana…"
Ó minha terra vestida
Da cor da folha da rosa!
Ó brancos saios de Perre
Vermelhinhas na Areosa!
Virei costas à Galiza;
Voltei-me antes para o
sul...
Santa Marta! Trajo
Verde...
Como o povo era poeta
Àquele trajo (tão verde!)
Deram-lhe o nome de
azul...
Virei costas à Galiza...
Voltei-me antes para o
mar...
Santa Marta! Saias
negras...
Mas como o povo é poeta
Aquelas saias tão negras
Têm vidrilhos de luar!
Virei costas à Galiza...
Pus-me a remar contra o
vento...
Santa Marta! Saias
rubras...
À Santa Marta, vestida
Da cor do meu pensamento!
A minha terra é Viana,
São estas ruas compridas,
São os navios que partem
E são as pedras que
ficam...
É este sol que me abrasa,
Estas sombras que me
assustam...
A minha terra é Viana.
Ai! este sol que me
abrasa
E estas sombras que me
assustam!
Pedro Homem de Mello
in “Manuscritos Inéditos”
lido por Ester de Sousa
e Sá
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