AS MÃES DE INVERNO
As mães de Inverno
têm o cabelo branquinho,
como a neve,
e os seus olhos são feitos de chuva doce.
Quando sorriem,
nascem-lhes arco-íris nas covinhas do rosto
e elas são todas luz e tantas cores.
As suas mãos, por exemplo,
são cor de rosa-chá
e os dedos, pétalas de flor
que orvalho de rosmaninho acetinou.
As palavras, tenras, são raminhos novos
de árvore trepadeira
agarram-se a nós, como ventinho de fim de
tarde,
ou fios de caramelo cor de ouro antigo.
Os seus passos, miudinhos,
Arrastam séculos de colheitas parcas
e abundâncias breves,
mas asseguram-nos as asas do futuro
e a herança das terras que o seu
Amor fertilizou.
As mães velhinhas são feitas
de porcelana delicada
e cristais transparentes de açúcar fino.
Atravessam-nas as sete cores
que perfazem um momento
e a eternidade dos nove meses
que nos fizeram gente.
As mães de Inverno vão desvanecendo,
ao menor vento.
E vão derretendo, devagar,
Como mel de amor em chá de vida quente,
Entretanto, mãe... é Primavera,
Obrigada por seres flor, a nossa vida inteira.
Teresa
Teixeira
lido
por Manuela Faria
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