ORGULHO
Nasci
do lado de lá do Marão,
À
sombra da serra e ao sol do vale.
Trago
nos olhos o verde do milho
E
da erva... o verde da esperança portuguesa.
Nos
ouvidos, a canção da cigarra e do grilo;
O
canto da água do rio, ou do regato
Saltitando
de seixo em seixo;
O
perfume da terra, das plantas silvestres
E
dos animais, no olfato;
No
tato a maciez da lã dos cordeiros
E o
focinho húmido do gado.
Trago
na boca o sabor da broa,
Da
batata, da castanha e do fumeiro...
Mas
cresci no Porto,
Que
acabou de moldar a minha alma.
E
trago em mim
A
paixão pelos monumentos,
Pela
História que é toda a vida
De
um Grande Povo!
Perfumo
dias de inverno com o cheiro da maresia
E
enfeito os cabelos com o cetim de camélias e magnólias;
Durmo
no verão, ao som do marulhar
Das
ondas do mar
E
acordo com os lábios salgados de sonhar...
Visto-me
de talha dourada
E
nela serei certamente amortalhada,
Após
ter bebido uma última vez
A
luz brilhante dos cumes da serra
Acariciados
pela neve e beijados pelo sol,
Com
altivez!...
Irene Costa
in “A Arte pela Escrita Nove -
Coletânea de Prosa e Poesia”
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