O MISTÉRIO DA POESIA
Eu sei que há um mistério
escondido no interior da
poesia
e que esse mistério é
infinitamente pequeno,
de tal modo que só as leis
da física
terão o atrevimento de
tentar explicá-lo.
Uma vez fui com o meu pai
fazer uma viagem no
comboio-fantasma
e acho que vi, num dos
túneis,
o mistério da poesia, ou
coisa que o valha.
Será que devo chamar-lhe
apenas fantasma?
Tinha os olhos claros de
Rimbaud,
a imponência guerreira de
Victor Hugo
e a timidez poliédrica de
Fernando Pessoa.
Foi então que ouvi uma
voz a dizer-me:
"Se deixares que eu
te toque,
ficarás para sempre
enfeitiçado."
Hoje, acredito que tudo
isto foi
muito mais do que uma
fugaz alucinação.
Nessa noite escrevi
versos torrenciais
como se tivesse adoecido
e delirasse
e na manhã seguinte,
recordo-me,
acordei com uma estrela
branca na testa.
Que ninguém ouse dizer-me
agora
que não era essa a marca
do mistério da poesia.
José Jorge Letria
Lido por Rosário Lemos
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