FLORIRAM POR ENGANO AS
ROSAS BRAVAS
Floriram por engano as
rosas bravas
No inverno: veio o vento
desfolhá-las…
Em que cismas, meu bem?
Porque me calas
As vozes com que há pouco
me enganavas?
Castetos doidos! Tão cedo
caístes!...
Onde vamos, alheio o
pensamento,
De mãos dadas? Teus
olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus,
como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a
neve,
Surda, em triunfo,
pétalas, de leve
Juncando o chão, na
acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é
como um véu!
Quem as esparze _quanta
flor! _do céu,
Sobre nós dois, sobre os
nossos cabelos?
Camilo Pessanha
in 'Clepsidra'
lido por Regina Bacelar
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