A GRALHA VAIDOSA
Certo dia o pai dos deuses
Grande nova fez saber
Ia convocar os pássaros
E um soberano
escolher.
Assim marcou uma data
P'ra cada um comparecer
E diante do seu trono
O mais vistoso eleger.
Logo cada uma das aves
Para mais bela se tornar
Se banhou num limpo arroio
E as penas pôs-se alisar.
A gralha também lá estava
Só que já tinha a certeza
Que sendo grande feiura
Não conseguia a proeza.
Vendo que todos se foram
Pôs-se logo a arquitetar
Um plano bem infalível
Que todos fosse lograr.
E com cautela uma a uma
Penas do chão apanhou
E sobre a sua plumagem
Habilmente as colocou.
E logo que assim se viu
Disse então deliciada:
- Pobre desta passarada
Como vai ser enganada!
E antevendo-se rainha
Se pôs a conjeturar
Artimanhas bem urdidas
Usadas p'ra governar.
E chegando então o dia
Feliz em seu desfilar
A gralha perante Júpiter
A exuberância fez notar.
Estava de facto vistosa
Não havia outra ave igual
Pois de todos a plumagem
Tornava a ave irreal.
Não havendo qualquer dúvida
Vencedora foi eleita
Tendo recebido a coroa
Largo discurso deleita.
Conhecendo suas penas
Logo todos se indignavam
E avançando sobre a gralha
Com vigor as arrancavam.
-Estas são de todas nós
Protestavam revoltadas
Querias passar por bela
Usando penas
furtadas!?
A gralha quis defender-se
Daquelas falsas ofensas
Mas não consegue negar
Face a reais evidências.
Logo se viu desnudada
Da sua falsa beleza
Não é só com aparência
Que se chega à realeza.
Acilda Almeida
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