NESTA DISTÂNCIA PEQUENINA
Vem.
Senta-te ao meu lado.
Dá-me a tua mão
mantendo-a afastada de mim.
Fala-me sem usares
palavras.
Mostra-me o teu corpo sem
te despires.
Dança para mim sem te
mexeres.
Beija-me sem que os
nossos lábios se toquem.
Ama-me nesta distância
pequenina que nos separa.
E sabes que o podemos fazer,
que o fazemos,
que nos amamos assim
também.
Olha-me apenas e
deseja-me como te desejo.
E posso ficar horas assim
contigo,
a amar-te desta forma,
a amar-te com o olhar,
a amar-te sem te tocar,
sem te possuir.
Assim entro em ti de
outra forma.
Entro em ti pelo olhar e
penetro-te até à alma.
Possuo-te para lá das
tuas entranhas.
Revolvo-te o sentir e os
sentidos.
Leio os teus pensamentos.
Desbravo o que de mais
secreto há em ti.
Abro os compartimentos do
teu coração até aqui encerrados.
E conheço-te melhor.
Sei-te melhor.
Amo-te melhor.
Porque te amo igualmente
sem te tocar,
para que te possa amar
sempre.
Cândido Arouca
in “O amor não pára p’ra jantar”
lido por Graça Silva
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