MEU TALENTO É FRÁGIL
É tão frágil o meu
talento...
Nele, por vezes, não
creio.
É como um ser mimado e
mau...
Sei que o Criador,
atento,
Bem caro vai cobrar
Se dele eu não cuidar.
No baú dos meus tesouros,
Eu o guardei bem
escondido,
Para não perder o brilho.
Mas por falta dos aplausos,
Que o faziam brilhar,
Ficou opaco, sem vida
E, aos poucos, me
abandonou.
Agora só guardo a
lembrança
Do que foi e jamais será,
Olho e vejo o belo,
Falo e mostro o feio,
Finjo e sinto-me estrela
Da minha falsa estreia.
Cansada de tentar ser
O ser que nem sempre sou,
Já não consigo tecer
O meu ser que já passou.
Não devia ter escondido
O talento que Ele me deu,
Bem caro terei que pagar...
Nem risos, nem
sofrimentos,
Fará o tempo voltar.
Procuro-me no passado
E já não encontro
guardado
O talento que, escondido,
Morreu inútil, perdido.
Porto, Portugal,
17/03/2010
Constância Nèry
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