CIDADE
Cidade, rumor e vaivém
sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil,
inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e
as praias nuas,
Montanhas sem nome e
planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada
e apenas vejo
Os muros e as paredes e
não vejo
Nem o crescer do mar nem
o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a
minha via
E que arrastas pela
sombra das paredes
A minha alma que fora
prometida
Às ondas brancas e às
florestas verdes.
Sophia de Mello Breyner
Andresen
in “Poesia”
lido por Maria Augusta da
Silva Neves
Sem comentários:
Enviar um comentário