AS MÃOS E OS FRUTOS
(XXIX)
Tu és a esperança, a
madrugada.
Nasceste nas tardes de
Setembro,
quando a luz -é perfeita
e mais doirada
e há uma fonte crescendo
no silêncio,
da boca mais sombria e
mais fechada.
Para ti criei palavras
sem sentido,
inventei brumas, lagos
densos,
e deixei no ar braços
suspensos
ao encontro da luz que
anda contigo.
Tu és a esperança onde
deponho
meus versos que não podem
ser mais nada.
Esperança minha onde meus
olhos bebem
fundo, como quem bebe a
madrugada.
Eugénio de Andrade
Lido por Regina Bacelar
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