EU ARRANQUEI CADA PALAVRA
Eu arranquei cada palavra
À sua impura mudez
Da sua infausta virilidade
Da sua austera robustez
E em silêncio quedo me dilacerei
E esventrei uma a uma
E as acutilei em elegia
Mas de tudo ficava apenas
E eco profundo e gasto
Um eco sem qualquer brilho
Sobranceiro ao mundo raso
De onde cada uma energia
Donde cada uma em surdina
Se negava e se escondia
E onde em cantata
Na sua vastidão
Impunemente a sua voz
Levemente soerguia.
E na mudez do papel
Que em silêncio me ouvia
Vi que as palavras coléricas
Se desdobravam em dobras leves
E que as ânsias torturadas
Também não se haviam dobrado
Face às ânsias das palavras.
Acilda Almeida
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