sábado, 27 de outubro de 2018

PASSEIO POÉTICO A GUIMARÃES



21 estações e/ou apeadeiros
21 quadras cada, aludindo ao seu nome ou nome do lugar.  

PASSEIO POÉTICO A GUIMARÃES

Teve o seu início em São Bento,
A tertúlia do poema e da amizade;
De convívio e entretenimento,
E de almoço na nobre cidade.
                                                       
Segue por Campanhã e Contumil
Vai a voz se afinando nas gargantas;
Juntam-se palavras sorrindo de baril.
Cintilam de frescura em Águas Santas.

Está em movimento a poesia,
Com muito para contar na algibeira,
Já se ouve a voz da Galeria,
Junto à estação da Palmilheira.

Ó musas, prestem homenagem,
A este comboio d’alma vinde;
Ainda estamos no começo da viagem,
Que teve início antes de Ermesinde.

Vai cheinha de poesia a carruagem,
E continua alegre, em movimento;
Mesmo tendo travado na Travagem
Esta arte contínua em crescimento.

Já espera Guimarães nossa chegada,
E a palavra deste grupo luminoso;
De estação a estação declamada,
Onde se inclui a de São Frutuoso

Amam paisagens, pura natureza,
São palavras de alma e do coração;
Cheias de vida de toda a pureza.
Neste caminho por São Romão.

A arte de rimar ou não rimar,
Forma de escrever que arte revela;
Tenha chave ou não para entrar
Passa também o apeadeiro da Portela.

No poema há também doce mensagem,
Que a si se sustenta e filosofa,
E vai em passeio nesta carruagem,
Semeia a sua escrita ao passar à Trofa

A arte de dizer, ler, declamar,
Deixou outra estação, outro povoado,
Vão em excursão, andam a viajar,
Tiveram paragem também em Lousado

Tem o nosso comboio nova paragem;
E como abelhas em redor do cortiço,
Recebe mais passageiros na viagem,
Na agitada estação de Santo Tirso.

Todos sentados, o mesmo destino,
Alguém de pé vai declamando;
Vão sobre trilhos, é esse o caminho,
Passam a Caniços lendo e pensando.

Há entusiasmo na literacia,
No som de vozes agudas e graves;
Poetas e poetisas da Galeria
Já se aproximam da Vila das Aves.

Esvoaçam palavras nas carruagens,
Viajam em convívio e brincadeira;
Os pensamentos de várias cunhagens,
Fazem uma pausa em Giesteira

Andam no ar letras animadas,
De paz, de pombas e andorinhas;
Rimam em frases declamadas
Tão divertidas em Pereirinhas.

E seguem caminho, vão deslumbrantes,
O seu sorriso dá gosto vê-lo;
E já se ouve nos altifalantes,
A próxima paragem é a de Lordelo.

Soltou a poesia as asas ao ar,
Mais a criação que lhe sai da nuca;
Vem no comboio anda a viajar,
Passa também no lugar de Cuca.

Perto do final quase avistado,
Entre a paisagem de aguarela;
Mais quatro estações e é terminado,
Pois ainda falta passar a Vizela.

Só a doçura da palavra em flor,
É fruto e fragrância que bem cheira,
Criada pelas mãos do criador,
No passeio que passa a Nespereira.

Esta é a excursão d’arte e amizade,
Vestida de paisagens sempre novas;
Vai a Guimarães, à nobre cidade,
E deixa poesia na estação de Covas.

A primeira viagem é terminada,
Que a poesia nos oferecera;
A mesa do repasto está preparada,
D. Afonso Henriques já nos espera.



José Faria

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