sábado, 27 de outubro de 2018

DEPOIS...



DEPOIS...

No cair lívido e ausente
Acolho-me na minha tela seca
Sem espaços ou actos luz
...No embriago de uma leitura
Que não vejo...
Atiro com as cores do meu impossível
Junto-lhe bátegas de espuma apego
Mares de ciano... nuvens ousadas
Odores de manhãs frescas
Suores doces de beijos horizonte
Esboços de luares sorriso
E o velho olhar... cega-se no almejo... que sucumbe.

Só... frente à falésia apoio
As gotas das cores símbolo
Esmagam-se em danças sem ritmo
E os fluidos aguarela
Cristalizam em flocos indefinidos
De arrojos contraste internos
Em matizes esbatidos de nós... dor...

No nevoeiro da beleza perdida
Sinto revoluções desconhecidas
Ouço silêncios em discursos gelados
E volto a ler o Início
De datas sem calendário
Ou rimas sem flor
Ou tempos sem horários...

… … …
Rodopio o fluxo necessário
De um respirar constante
E, arrisco escrever...
...Te...

José Luís Outono
in “Da Janela do Meu (a) Mar (Ed. Vieira da Silva, 2011)
lido por Manuela Caldeira

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