SONETO:
A PRENDA
Envia-me
uma prenda para que a minha esperança sobreviva
ou os meus pensamentos ansiosos possam dormir e
repousar;
envia-me
algum mel para adoçar a minha colmeia,
para que nas minhas paixões possa esperar pelo melhor.
Não
te peço uma fita tecida pelas tuas mãos,
para tecer os nossos amores no maravilhoso esforço
da
juventude agora emocionada, nem um anel para mostrar
a situação do nosso afecto que, como este, é redondo e
simples,
assim
na simplicidade, deveriam encontrar-se os nossos amores.
Não, nem os corais que envolvem o teu pulso,
entrelaçados,
juntos, para que venham mostrar
aos nossos pensamentos como deviam ficar unidos.
Não,
nem o teu retrato ainda que tão gracioso
e atraente, porque o que é melhor é do melhor que
gosta;
nem
os engenhosos versos que tantos são
entre os escritos que tu me enviaste.
Tudo o que de ti já possuo é para mim suficiente:
Jura apenas acreditares como te amo, e nada mais.
John Donne
in “Poemas”
lido por Maria Augusta da Silva Neves
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