O BAÚ DO TEMPO
Repara como é grande, fundo e pesado o baú da vida.
E tanta coisa que tem lá dentro!
Vá, não espreites. Deixa a
curiosidade de lado.
Não, não chores. E larga a vergonha.
Todos temos segredos e desejos.
E até magoas, sentimentos e alegrias.
Vá, acalma-te. Limpa as lágrimas.
Mas, espera! O que fazes agora?
Para quê colocar também esse velho relógio dentro do
baú?
É belo, confesso. Os enfeites são curiosos, tal como a
vida.
E é altaneiro, como a escada do crescimento humano.
Sim,
compreendo que o querias guardar.
Mas entende que se trata apenas do tempo do passado.
Perdoa-o e
esquece-o.
E o tempo do futuro, apenas cria ansiedade.
Acredita no
melhor e liberta a ilusão.
Sabes, talvez seja a lição do tempo.
O momento de esvaziar o baú da vida.
Sorrir para a leveza e a fé. O tempo do presente.
Vive o
instante e liberta-o.
E deixa de mexer no relógio. Para já esse tempo!
Anda, vem perfumar o baú de alecrim.
Não temas o desconhecido e acredita que as feridas
cicatrizam...
Ao som do relógio do tempo. Do baú leve do momento.
(PEÇAS DO
MUSEU DE PINHEL: o BAÚ e o RELÓGIO - alto e com umas pinturinhas na madeira do
relógio)
Cristina Maya Caetano
In “Coletânea Galeria Vieira Portuense 2017”
Lido por Alice Santos
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