quinta-feira, 23 de agosto de 2018

O BAÚ DO TEMPO




O BAÚ DO TEMPO

Repara como é grande, fundo e pesado o baú da vida.
E tanta coisa que tem lá dentro!
Vá, não espreites. Deixa a curiosidade de lado.
Não, não chores. E larga a vergonha.
Todos temos segredos e desejos.
E até magoas, sentimentos e alegrias.
                                               Vá, acalma-te. Limpa as lágrimas.

Mas, espera! O que fazes agora?
Para quê colocar também esse velho relógio dentro do baú?
É belo, confesso. Os enfeites são curiosos, tal como a vida.
E é altaneiro, como a escada do crescimento humano.
Sim, compreendo que o querias guardar.

Mas entende que se trata apenas do tempo do passado.
Perdoa-o e esquece-o.
E o tempo do futuro, apenas cria ansiedade.
Acredita no melhor e liberta a ilusão.

Sabes, talvez seja a lição do tempo.
O momento de esvaziar o baú da vida.
Sorrir para a leveza e a fé. O tempo do presente.
Vive o instante e liberta-o.

E deixa de mexer no relógio. Para já esse tempo!

Anda, vem perfumar o baú de alecrim.
Não temas o desconhecido e acredita que as feridas cicatrizam...

Ao som do relógio do tempo. Do baú leve do momento.


(PEÇAS DO MUSEU DE PINHEL: o BAÚ e o RELÓGIO - alto e com umas pinturinhas na madeira do relógio)

Cristina Maya Caetano
In “Coletânea Galeria Vieira Portuense 2017”
Lido por Alice Santos

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