XII [SONETO DO PRAZER
MAIOR]
Amar dentro do peito uma
donzella;
Jurar-lhe pelos céus a fé
mais pura;
Fallar-lhe, conseguindo
alta ventura,
Depois da meia-noite na
janella:
Fazel-a vir abaixo, e com
cautela
Sentir abrir a porta, que
murmura;
Entrar pé ante pé, e com
ternura
Apertal-a nos braços
casta e bella:
Beijar-lhe os
vergonhosos, lindos olhos,
E a bocca, com prazer o
mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os
dois pimpolhos:
Vel-a rendida emfim a
Amor fecundo;
Dictoso levantar-lhe os
brancos folhos;
E este o maior gosto que
ha no mundo.
Bocage
Lido por Dionísio Dinis
Parabéns, caro Dionísio, por seres um óptimo declamador.
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