Esta não é uma carta qualquer.
É uma carta de amor.
É a carta que eu sei que nunca lerás, daí a facilidade da
escrita.
É a carta que seria escrita a azul, numa folha de papel caro
e escondida num envelope perfumado.
Ou num post-it barato.
Esta não é uma carta qualquer.
É a carta onde te diria a falta que me fazes em mim.
A ausência que me és.
É a carta onde diria até o quanto te gosto.
O quanto te quero.
O quanto, afinal, te preciso.
A carta onde te escreveria tudo aquilo que tu não gostas de
ouvir.
O quanto de mim é paixão.
O quanto de mim é lealdade e convicção.
O quanto de mim é medo e escuridão.
O quanto de mim sonha.
O quanto de mim acredita e duvida.
O quanto de ti me fascina.
O quanto de ti me ilumina.
Me aquece e me enfurece.
Me acalma e aquece.
Esta não é uma carta qualquer.
É uma carta que nunca existirá. Nunca irá chegar a um
qualquer marco do correio. Nunca será selada, nem escrita.
Esta, não é a carta.
Helena Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário