TRANSPARÊNCIA
Alveja ao longe a fria serra,
Sopra gélido o vento norte.
Na fresta da janela
Entoa cântico de morte,
Na sombra passa o rosto dela...
Na transparência da ilusão,
Passo a passo vai descendo,
À loucura dando a mão,
A vida em fúria percorrendo!
Distante estátua altiva,
Fino colo de alabastro,
Garça pisando o leito do lago,
Onde abraço, amor, que ao peito trago!
Sonho em lume
Meu canto indefinido,
Com a vaga sombra de um queixume
Que fundo na alma foi sentido.
Sonho ainda um vago anseio
De felicidade e de quimera,
Que trago apertado ao seio,
Fazendo nascer em mim a Primavera!
Minha fonte dos amores,
Em fraguedos recolhida,
As silvas, feitas flores,
Escondem nascente de vida..
Maria Irene Costa
in “Silêncio Branco”
Sem comentários:
Enviar um comentário