sou do Porto, onde as
gentes têm outra febre, um calor desigual que corre em veias de genuinidade.
sou do Porto, da cidade
invicta, mística e feiticeira.
sou do Porto! das vielas
estreitas que deixam passar grandes gentes: as suas e as que a si chegam, da
cidade onde desaguam águas d’ouro que chegam em gargalhadas serenas por entre
os socalcos traçados até a uma foz de sol d’ouro.
sou do Porto com um
umbigo de Palácio de Cristal que bebo desde a infância até às páginas dos
livros.
sou do Porto com
sangue-vinho intenso, quente e prodigioso, néctar regalo de Baco.
sou do Porto onde a
alegria mora no cume da Torre dos Clérigos e daí transborda em contágio para
toda a cidade.
sou do Porto das cheio de
pontes que nos ligam a outra margem como se fossem braços em colo estendidos de
modo perpétuo.
sou do Porto e vivo com a
retina carregada da luz sublime que irradia da Serra do Pilar onde
voluntariamente se fica algemado por fascínio.
sou do Porto - dessa
gente do "carago" que pega nos amigos e os aninha no coração, sou
deste chão, deste sítio soberbo dos Aliados onde tantas vezes o sol nasce do
chão.
sou do Porto que tem ao
colo gente persistente e resiliente: das gentes que comem tripas à sua moda por
amor — aos outros, de gente generosa, benigna, empenhada e trabalhadora, um
coração de país que está na moda e a moda está em si.
sou do Porto das fontes,
dos azulejos soberbos que babam arte da estação de S. Bento sou do Porto da
força da Fé do Seminário e da Sé.
sou do Porto com um
castelo de queijo em noites de lua cheia que nos paralisa o olhar sou do Porto
onde há jardins com glicínias e todas as flores têm nome.
sou do Porto do sítio que
alberga os "capa negras" nobres e da melhor universidade do Mundo.
sou do Porto das caves e
dos barcos que sobem e descem o rio em rasgos brancos de espuma e fazem viagens
cruzando um céu terreno.
sou do Porto do destino
recomendável mundialmente para se ser feliz, das esquinas com pataniscas e
pasteis de bacalhau, das tascas e o S. João.
do Porto! onde as ruas
têm nome de poetas e os recantos são poemas, onde o cheiro a castanha assada se
espalha, em vésperas de Natal, por entre a multidão da famosa rua de Santa
Catarina.
sou do Porto, escolhi ser
do Porto!
Carla Valente
Lido por Alzira Santos
Respondi com VIANA...LPV
ResponderEliminar