quinta-feira, 26 de outubro de 2017

UM DIA LEMBREI-ME


UM DIA LEMBREI-ME

Um dia/sentei-me/ lembrei-me do
jogar à bola/ dar e levar
porrada/roubar fruta/de ser
perseguido/ à sacholada/ o
lavrador queixar-se a meus pais e
eu levar/a dobrar!

Lembrei-me do fugir à escola/ não
tinha tempo para estudar! O
professor dizia que eu era bom
aluno! Eu faltava por não ter tempo
para os deveres/porque para meu
pai já trabalhava!
Não havia, ainda, a condenação do
trabalho infantil!! O trabalho/ que
eu fazia/ para meu pai era do baril/
que em Fátima vendia/juntamente
com cera/ prós milagres da santa!
Ena tantos!
Agora/ parece que menos!
Talvez por a senhora já um pouco
cansada!/com quebrantos! Uma
lástima.
Para compensar/continuam os
grandes milagres das rezas/ em
terços e rosários/ para as receitas
de santuários! Eu trabalhava/
trabalhava/ e já cidades/com ruas
escuras e claras visitava!
À noite/ estudava/aprendia falas
d'outros povos/ soube doutras
terras/ doutros costumes/ doutros
deuses/ d'outras religiões/doutras
filosofias/ das pregações dum só
Deus/mas logo vi que cada um
tinha o seu!
Estudava raízes da criação/
algumas já podres/outras que
para podres vão/que foram
verdades/ mas agora não!! porque
feitas por aldrabões/ em tempos de
escuridão. Na missa/ o padre
pregava/ pregava!/ Eu não nada
ouvia! Via que não fazia o que dizia!
Depressa detestei hipocrisia.
Continuei a trabalhar/ a estudar/
para dar asas a meus sonhos/ para
voar/voei!
Por continentes passeei meus
espantos! Fui tronco/dei rebentos/
Fui/ Sou feliz.
Tenho um jardim/com flores de
filhos e netos e os perfumes de seus
amores e afetos Nada me falta!
Fui menino/feito homem/
como rajada de vento/
que tudo eroda e sabe que/ um
dia/do tudo que foi ninguém se
recorda/ pois que desertos são
feitos por montanhas/ em areias
desfeitas!

Um dia, sentei-me/lembrei-me de
tudo/ de pais/ de amigos e dos
amores me lembrei!

Agora/sentado/quando vejo uma
criança/nela me revejo e a ela me
ligo/desejando que tenha asas/
para que seus sonhos possam voar/
e que nunca/nunca deixe ninguém
seus sonhos amarrar!/desejo-lhe
que levante voo.... e que me leve
consigo.
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Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque

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