quinta-feira, 21 de novembro de 2019

PELA CALADA DA ALDEIA



PELA CALADA DA ALDEIA

Pela calada da aldeia,
nascem lobos intrépidos.
Na manhã de nevoeiro cerrado,
atiram os dentes
sobre os calcanhares das ovelhas ingénuas.
As mulheres,
céleres,
desapertam as tíbias
e correm
à frente das patas ensanguentados da ferocidade.
Partem-se dentes e queixadas
que a vida não espera por lenços de chita desapertados
a não ser em laços de morte,
finda a sua função.

Na calada do luar
e da luz elétrica
nascem sempre outros lobos...
Cerram as unhas sobre as cervicais caladas...
Mulheres,
desapertem os sons e façam ganir
todos os sinos da aldeia adormecida!

Goreti Dias
in “Singularidades & etc.”
lido por Alice Santos

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