quarta-feira, 14 de agosto de 2019

QUANTO, QUANTO ME QUERES? — PERGUNTASTE



QUANTO, QUANTO ME QUERES? — PERGUNTASTE

Quanto, quanto me queres? — perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei — não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto [Casal de Concavada, Abrantes, 1897-1959]
in “Marcelo Rebelo de Sousa - Os Poemas da minha vida”
lido por Lourdes Alegria

1 comentário:

  1. António Boto,o poeta do amor!...ousado,irreverente,enigmático existêncial!...(não duvido de que foi muito bem interpretado....parabéns á interprete pela escolha...parabéns ...Galeria!

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