FICARAM POR DAR
Sim, amei-te em grande
amor, como só uma vez se ama
Porque em mim pulsava a
magia dos roseirais infindos
E o azul timbrado do céu
tinha o perfume das acácias
E o mar guardava pleno o eco
da voz primordial
E sol que se encrostava
nas marés tinha a pujança do renascer...
Foi por isso que quis
partilhar em enlevo todas as pérolas
Que secretamente havia
guardado só para ti
Que quis render-me ao
vento e contar-te as miríades irrealidades
Que juraria terem a
autenticidade da pele que cobria nosso corpo
E quis dizer-te que o
Tempo não iria desta vez vencer o Amor...
Mas o Tempo emudeceu as
palavras que havia para te dizer
E de todos os afetos que
prometi um dia contigo dividir
Ficaram apenas cinzas
esvaídas no rebordo do eu
E os beijos que tinha
para te dar foram dados numa outra boca
E por isso havia neles o
travo da ausência e do maravilhar...
Mas de nada me valeu
amar-te assim, porque quando jurei
Que no meu corpo não
haveria mais o retraçar da irregularidade
Quando havia decidido que
não haveria mais o travo de sal
Nos parcos beijos
silenciados que já não havia para trocar
E tos quis finalmente dar
com as pérolas que havia guardado
Era inútil porque no
silêncio da noite em dor extrema
Tu não quiseras silenciar
os teus beijos e, sem pérolas para dar
Havia muito que em
agoniado silêncio ao mundo decidiras te roubar.
Acilda Almeida
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