SOMBRA E NÉVOA
Vagamente, de ti me
esqueci
Quando de mim volveu
Teu sequioso olhar.
O céu azul breve
escureceu;
Dos trovões ouvi,
Ao longe, o ribombar!
Nas trevas que se
seguiram
Não mais se ouviu teu
doce falar;
O riso cantante que em
vão ecoa,
Não te devolveu ao carinhoso
lar!
Até hoje, ainda me não
esqueceste;
Mas até hoje, em vão
emudeceste
Que a sombra cobre o teu
saudoso olhar;
O teu riso de oiro era o
céu estrelado,
Riso de névoa que me faz
sonhar…
Na hora em que
olvidasses, morrer eu queria.
Nessa hora triste, mais
que todas sombria,
Nunca mais o sol,
enfermo, poderia
Por entre nuvens
aparecer, brilhar!
Irene Costa
in “Silêncio Branco”
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