NOCTURNO
Espírito
que passas, quando o vento
Adormece
no mar e surge a Lua,
Filho
esquivo da noite que flutua,
Tu
só entendes bem o meu tormento...
Como
um canto longínquo - triste e lento-
Que
voga e subtilmente se insinua,
Sobre
o meu coração que tumultua,
Tu
vestes pouco a pouco o esquecimento.
A
ti confio o sonho em que me leva
Um
instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando,
entre visões, o eterno Bem.
E
tu entendes o meu mal sem nome,
A
febre de Ideal, que me consome,
Tu
só, Génio da Noite, e mais ninguém!
Antero
de Quental
in "Sonetos "
Lido
por Regina Bacelar
Sem comentários:
Enviar um comentário