CANSADA
Cansada
de me ser um relevo abstracto
na
textura das coisas que piso. Cansada
de
percorrer esta cordilheira insular de
abraços
possíveis.
Aprendi
a respirar vazios estranhos ao
meu
corpo e dói-me já a força de tanto
me
salvar dos espaços contaminados.
Cansada
de calcar a ternura em gavetas
que
já não fecham e depois partir para
um
mundo onde não cabe todo o tempo
que
ainda falta.
Cansada.
Cansada
de tudo o que me sobra do chão.
Virgínia
do Carmo
in “Relevos”
lido
por Maria Augusta da Silva Neves
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