MÁSCARAS
Do
teu castelo de altivez desceste
feita
águia
—
penas azuis a faiscar ao sol —
e
abeiraste-te do meu pântano de infortúnio
e
mágoa
onde
não pudeste mergulhar.
Poisaste
à margem,
mas
nem sequer ousaste olhar a água
e
rever-te
no
espelho das palavras que eu te dava.
Delas
fizeste pedras
para
alevantares um muro
de
silêncio
e
te esconderes lá dentro dele.
Mais
uma vez!
Mas
quem sabe ao certo o que é "lá dentro"?
Dentro
ou fora é tudo o mesmo.
Na
metade de uma laranja
que
um diâmetro delimita
poisa
a mosca
e,
na outra, a aranha.
Quem
está dentro e quem estafara?
O
que pensa uma da outra?
A
máscara que mostramos a quem nos olha
encobre
tudo aquilo que nós somos
e
aquilo que ocultamos
é
o que muitas vezes nos revela.
Quem
sabe se nesse peito içado de águia
não
se esconde o coração de uma andorinha?
Miguel Leitão
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