"DÓI-ME
ESTE FRIO, DÓI-ME ESTE PAÍS”
Dói-me
este frio!
Dá-me
um tempo novo a favor do vento,
Dá-me
um país com sol,
um
país sem este frio,
um
país com uma noite
e
muitas madrugadas,
um
país onde os filhos
beijem
os lábios do mar
lábios
sem o travo da despedida…
Um
país sem nuvens de areia, sem oxalá,
um
país por inteiro, '
um
país sem lamentos, em silêncio!
Dói-me
este frio
dói-me
este tempo que goteja.
Dói-me…
...que
os nosso filhos lambam as feridas
e
beijem as cicatrizes,
que
as estátuas sangrem.
Dói-me
o frio de um país perdido
numa
lista de espera e esperas em silêncios…
Dói-me
o frio que invade
as
entranhas e a alma de um povo,
entre
mãos vazias e rostos de dor!
Dói-me
este frio!...
Dá-me
a clave de sol de um hino novo,
dá-me
um país com luz,
um
país sem este frio,
um
país de versos simples e muitos poemas…
Um
país sem ruas de melancolia,
sem
saudade gravada nas paredes,
ausente
de espaços sem lugar;
um
país sem dúvida nas verdades,
um
país por inteiro,
sem
corações em temporal!
Dá-me
um país sem este frio
dá-me
um país com este frio calado,
dá-me!...
Sonhos
embalados nos braços
dos
filhos deste país,
sem
traços de tempo imóvel.
Dá-me
um país com lágrimas
para
chorar quando valer a pena!
Dá-me
lágrimas de riso
e
passos que se guiem pelos sonhos,
um
país sem o frio do adeus aos filhos!...
Dá-me
um país de Homens sem mentiras…
Dói-me
este frio!
Dá-me
um país!
Não
me dês uma mão vazia
e
às vezes ...nada.
António
Carlos Santos
in "50 anos, 50 Poemas" (Seda
Publicações)
Lido
por Alzira Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário