AS ALTAS JANELAS DO NORTE
As altas janelas
do Norte
pedem sol
um pouco mais
do escasso sol
do Norte.
Namoram
em silêncio
o avarento
céu
e pedem
um rasgão azul
no seu lençol
cinzento
um traço breve
do silêncio ao Sul
um pouco mais
de sol
e menos neve
e vento.
As altas janelas
do Norte
enfrentam a borrasca
encostadas ao granito
e quando a voz
se solta
o bruto grito
faz tremer a terra.
A sua guerra
é gota a gota
disputada
entre o tronco de pinho
a gemer na lareira
e a manta passageira
da geada.
Mas um dia
Junho chega
de mansinho
desatando
a cor do vinho
desvendando
a madrugada quente
a espreguiçar-se
pelas paredes
e então
as altas janelas
do Norte
recebem de par em par
o Verão
o som do cavaquinho
a festa das perdizes
e sentindo saciada
toda a sede
são felizes
entre verde
e verde
e verde.
obras de José Fanha
in “Eu sou português aqui”
Lido por Lourdes dos Anjos
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