quinta-feira, 22 de outubro de 2015

AMANTE


AMANTE

Poder-se-à viver sem ser amante?...
de mulheres que nos toldam os sentidos
viver céus de paixão em cada instante
roubar véus de mares qual navegante
que voga no doce embalo dos gemidos?

Que sobra da lembrança no cair da vida
senão entregas convulsas de amor?...
as mãos, os olhos, a pele que nos convida
à posse sempre ousada e destemida
que se perpetua no desenho do rubor...

... dos lábios envolvidos dos abraços
o romper da carne ardente de desejos
segredos segregados nos regaços
na troca da saliva de mil beijos.

Pudesse eu sofrer sempre a febre de te ter
vivendo no sabor deste pecado
no prazer que me envolve de nudez
chegada, um dia, a hora de morrer
saber que também tu morres a meu lado
das ânsias de nos amarmos outra vez.

E minha alma então livre deste mundo
correria alada por sóis e universos
do mais alto reino ao veio mais profundo
procurando como um facho vagabundo
unir amantes
almas errantes
amores dispersos…

lido por António D. Lima
Arnaldo Silva

in “Talvez Amor”

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