IN CONSCIÊNCIA
Corre já o mundo sem
tempo de parar
e confrange-se-me a alma
por esse ébrio cavalgar
na dúvida ditada da razão
porque será que os ricos
não percebem
que quanto mais ricos os
próprios ricos são
mais e mais pobres são os
pobres que os servem.
De olhos cheios nas
cadeiras do poder
comem ridentes, odres
anafados
na entrega disfrutada do
lazer
dormem sonos de fantasmas
assaltados
ín consciências de não
querer saber
de tantos homens que
morrem aos bocados.
Nesse abismo onde a vida
se consome
nas valas esventradas
pela fome
que o voo dos abutres não
encobre
mora a miséria descarnada
em cada pranto
a amargura esburacada em
cada manto
o nada imenso que
sustenta cada pobre.
No ressoar das palavras
repetidas
que vão fingindo
encontrar as soluções
vestindo ideias que,
afinal, nem são as suas
rangem surdas as raivas
doloridas
no crescente engrossar
das procissões
dessa gente que se
arrasta pelas ruas.
Lido por Bi Rodrigues
Arnaldo Silva
in “Talvez Amor”
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