VENHO DE UM LUGAR
Venho de um lugar do universo
onde o dia começa com o medo,
o receio é diário como o ar e o pão.
Venho de um lugar em que o terror
é a única linguagem perceptível,
onde pensar se pune com a prisão e a morte.
Venho do sangue desse meu povo
onde o céu está triste, chora e geme,
no luto eterno pela razão assassinada.
Eu que sou cantor quero contar-lhes
que a morte se desboca pelas ruas,
galopa toda a pátria premiando a denúncia.
Os lagos do sul, a cordilheira,
foram testemunhas fiéis desta guerra
contra um povo desarmado
contra Deus e a verdade.
Angel Parra
in “Poemas da resistência chilena”
Lido por Adolfo
Castelbranco
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