Assomo
a janela das águas-furtadas
Da
casa da infância, translúcido olhar;
Mergulho
nas vozes, jamais madrugadas;
Verdades
latentes são portas fechadas,
Em
noites sem lua, silêncios a escutar.
E a
onda que tarda, nas sendas do mar;
E o
vento que lança cruéis vergastadas
Embala-me
o berço do meu recordar;
Nas
vagas memórias perdidas, achadas,
Encontro
só sombras do seu marulhar.
Janela
perdida, sem águas-furtadas,
Na
casa do sonho, translúcido olhar;
Sem
vozes, gemidos, nem portas fechadas,
Memórias
apenas, memórias passadas,
Apenas
são sombras no seu marulhar…
é
riso de árvore em podado galho
o
espantalho
tíbia
alma
que em pé sem medo grita
e o
sol a desbotar-lhe o vestuário
atalho
é
aquele silêncio acutilante
que
ao êxtase conduz
e a
paz levita
e o
espantalho percorre-o
quando
em socorro vai
do
vento
feito
da carne
com
que são feitas as palavras
recheado
daquele
inexprimível nada
o
espantalho
é
chapéu indispensável
que
a fraude é de palha
e o
casaco forma de gente
“as
pessoas aprendem-se”
disse-o
sem boca
apenas
de braços abertos
a
sonhar fraternidade
ficou
cego no dia
em
que emprestou doçura
ao
seu olhar
Amândio Vasconcelos
Sem comentários:
Enviar um comentário