quinta-feira, 21 de maio de 2015

PESADELO


PESADELO

Quebrou-se a barreira do silêncio!
Soltam-se gritos apavorados da caverna da garganta,
Neste meu acordar estremunhado dum sonho
Que, mais parecia um pesadelo diria.
Tresloucada, corria veloz por montes e vales,
Fugia da morte ou, caminhava para ela já nem sei,
Era tal o pavor que me cegava,
Já só via o precipício onde mergulhar no além,
Para pôr fim a este sofrimento incontido.
Do negrume da noite rondavam
Os abutres carnívoros odientos,
Que me espreitavam e sem tréguas perseguiam,
Grasnando sangrentas monossílabas,
Estarrecida, eu arfava ruidosamente
Para me libertar desta aflição,
Era tamanho o meu constrangimento,
Que convulsivamente chorei,
Grossas lágrimas dos olhos cerrados molharam o travesseiro,
Com desilusão amarga me despedia...
De repente me lembrei, uma luz se acendia!
Lutei, rasguei as nuvens do sono que me prendiam!
Desferi gritos ao vento e levitei!
Queria viver nem que fosse mais um dia,
Não tinha ainda escrito o livro,
Aquele, envolto em nuvens de amor e maresia,
Que jaz no fundo da alma, à espera de poder ver dia!


Ester de Sousa e Sá

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