SOU
FOLHA CADUCA
Quando
as águas que correm serenas
no
rio da minha infância
deixarem
de me sussurrar...
E
as nuvens escurecerem
e o
sol se entristecer
e
as estrelas não cintilarem
e o
luar se recusar a iluminar
e o
mar se agitar intranquilo,
talvez
estejam a despedir-se de mim...
E
se as flores empalidecerem
e
os pássaros silenciarem
e
as gaivotas deixarem de voar
e
as andorinhas não chegarem na Primavera
e o
vento deixar de soprar
e
os dias se tornem céleres
e
as noites eternas,
talvez
sintam saudade de mim...
Mas
se nada acontecer
do
que eu utopicamente desejava,
é
por que na verdade
e
admito humildemente
que
fui brisa ou simples folha
das
muitas folhas que por aí voam
insignificantes,
simples
e caducas.
Mas
se na minha viagem etérea
eu
puder vislumbrar, sorrindo,
todas
as coisas materiais
a
que antes eu dava valor
e
não sentir pena ou falta,
é
por que estou realizado na minha essência
pelo
que fiz na minha caminhada terrena
e
feliz na minha derradeira e eterna viagem.
José Carlos Moutinho
7/5/15
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