O POEMA
O poema
me levará no tempo
Quando eu
já não for eu
E
passarei sozinha
Entre as
mãos de quem lê
O poema
alguém o dirá
Às searas
Sua
passagem se confundirá
Com o
rumor do mar com o passar do vento
O poema
habitará
O espaço
mais concreto e mais atento
No ar
claro nas tardes transparentes
Suas
sílabas redondas
(Ó
antigas á longas
Eternas
tardes lisas)
Mesmo que
eu morra o poema encontrará
Uma praia
onde quebrar as suas ondas
E entre
quatro paredes densas
De funda
e devorada solidão
Alguém
seu próprio ser confundirá
Com o
poema no tempo.
Sophia de Mello Brayner Andersen
lido por Regina Bacelar
Sem comentários:
Enviar um comentário