quarta-feira, 25 de março de 2015

ÁFRICA


ÁFRICA

Eram tardes quentes, secas
Quase impossíveis de se respirar,
O ar era denso,
Intransponível num simples olhar.
As árvores, impávidas, não oscilavam,
Porque o vento não soprava.
Tudo parecia ter adormecido,
Suava-se copiosamente,
Mesmo abrigados,
Pelas frondosas copas,
Das gigantescas árvores.
Perscrutávamos as estradas
De terra batida, de pó compacto,
De cor vermelha.
Fascinava aquele vermelho do chão,
Que ainda mais realçava,
O verde da vegetação.
Tudo em volta era solidão,
Pacificadora da Terra.
Se por um lado tudo era belo,
Apesar do mormaço
Por outro, assustava um pouco,
A simbiose de calor com solidão.
Mas era África no seu apogeu climático,
Era a beleza pura,
Mesmo sufocante do calor,
Num território encantador,
Pois, havia a flora a fauna, fabulosas.
Avistavam-se a curta distância,
Animais selvagens,
Pachorrentos, inofensivos.
Era a pujança de uma terra,
De um imenso e belo continente,
Angola,
África.

José Carlos Moutinho
in “Da Inquietude das Palavras”
lido por Sebastião Oliveira

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