A CASA
Pouco a pouco,
Vou-me despedindo
Da casa de pedra,
De cada pedaço de terra
Que foi meu tapete,
Meu chão.
O ardor de Agosto
Esfumou-se
E, a contragosto,
Os anos da ilusão.
A viagem já vai
Mais que a meio,
Mais perto da chegada
Que da partida,
Restando-me a reportagem
Da escrita.
Mas, então,
Quando a descrevo,
O vento traz-me
Os registos do enlevo,
Gravando-os na página,
Como mansa claridade
Que atenua a saudade
E a melancolia
De quem olha
O céu de cada dia.
Elvira Santos
in “A Arte pela Escrita”
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