quinta-feira, 26 de junho de 2014

A ALMA DAS COISAS



A ALMA DAS COISAS

Nas coisas que utilizo, de que abuso
fica um pedaço d’alma tão visível:
é a marca indelével, face ao uso,
é um traço de vida inesquecível!

E hás-de ver-me num tempo já difuso,
quando nada te pareça ser possível,
‘inda rimando ao teu, meu verso luso,
que esta caneta quer imperecível!

Cruzando-a entre os dedos vais sentir,
o quanto ‘inda ficou por te dizer
na triste e curta hora de partir…

Só restará de mim uma etiqueta!
Então, p’ra que possas comigo reviver,
deixo-te aqui a alma da caneta!

2003-07-04
Maria de Lourdes Moreira Martins

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