sábado, 15 de fevereiro de 2020

Fernando Santos


SÃO VALENTIM (DIA DOS NAMORADOS)

Anda o mundo nesta loucura
de celebrar o dia dos namorados
todos numa corrida da procura
de prendas para amadas e amados;

Sorrisos de pura satisfação
que a noite vai ser de alegre doideira
depois de mimado o terno coração
e esvaziada a pobre da algibeira;

Porque a bagalhoça não é farta nem abunda
os jovens lá vão improvisando
fazem versos e cantam numa barafunda
e mensagens de amor vão trocando;

Mas é belo e terno vê-los contentes
em abraços e muitos beijos molhados
quartos de pizza para dar aos dentes
e umas cervejolas para os babados;

Fazem-se promessas de amor eterno
antes que o álcool lhes entonteça
e o frio das noites de inverno
lhes tirite os dentes e o corpo arrefeça;

Esta coisa do dia dos namorados
hoje em dia é caro p’ra caramba
mesmo para um lindo par de casados
é andar o resto do mês na corda bamba;

Atenção que para além da prenda e flores
há ainda o célebre jantar à luz de velas
que esta história de apaixonados amores
obriga a tratar os afetos como estrelas;

Depois de uma passeata ou um cinema
vem o resto da noite para os consolar
se no dia seguinte o trabalho é o tema
que se lixe porque alguém vai faltar;

Ao acordarem com olhos semicerrados
retomam alegremente a brincadeira
redobram o esforço em corpos molhados
tudo por culpa do raio da bebedeira;

Volta tudo de novo à normalidade
esquecendo promessas de amor eviterno
porque estas coisas numa certa idade
é difícil, ainda por cima no inverno;

Apela-se a todos os santos do amor
que não morra a paixão nos casais
cumpram uma vida de muito pundonor
porque, se Deus quiser, pró ano há mais.

Fernando Santos

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