sábado, 15 de fevereiro de 2020

Ângelo Vaz


Lavrador de palavras I

O sol cega-me, a lua ilumina minha semente, guiando-as por terra arável pela noite dentro até ti!
Sigo caminhos de palavras, lançando sementes dentro de ti.
Tens que as regar quando a lua se deitar!
Não precisa de muita água…alguma lágrima que te caia, irá multiplicar-se pela terra fora…irá dar paladar a flores que saborearei sem sal!
Meu peito está estreito pela dor que me deu!
Alguém entrou no meu quarto, pensando que era outra pessoa.
Estava só e só fiquei com meu interior de palavras trocadas, querendo trocar meu corpo!
Lavrei palavras, pedi que as colhesses da terra mal arada e lembrei-me de Fernando Pessoa e de suas pedras no caminho!
Agora… só me resta retirar e vergar meu corpo, pontapear pedras para que eu siga em linha reta sem tropeções…fugindo e correndo até me faltar o ar com medo que me persegue dos brincalhões e aldrabões de sentimentos.
Vou lavar minhas mãos calejadas de palavras e vou-te levar uma flor regada com as lágrimas de teus olhos!

Ângelo Vaz

Sem comentários:

Enviar um comentário