INFÂNCIA
Da infância
guardo os dias claros,
a presença de Deus
tão perto,
dentro da capela do lugar.
As crendices
contadas nas desfolhadas,
o medo da noite
com ecos de lobisomens
e gritos de almas penadas.
A janela aberta
sobre os montes
a abarrotar de árvores.
As estrelas
sob um céu imenso
inundando de luz a mansarda.
Não imaginava
as perfídias dos outros
e jogava cartas
na mesa de granito.
Rabiscava
estados de alma
bebendo ainda quente
o chá de limão.
Os segredos guardava-os
num silêncio lapidar
sonhando com a queda
da estrela polar
no meu colo dobrado.
Maria Olinda Sol
in "Coletânea Galeria Vieira Portuense 2019"
lido por Agostinho Costa
Gostei.
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