Tu só, tu, puro Amor, com
tanta força crua,
Que os corações humanos
tanto obriga,
Deste causa à molesta
morte sua,
Como se fora pérfida
inimiga.
Se dizem, fero Amor, que
a sede tua
Nem com lágrimas tristes
se mitiga,
É porque queres, áspero e
tirano,
Tuas aras banhar em
sangue humano.
As filhas do Mondego a
morte escura
Longe tempo chorando
memoraram,
E, por memória eterna, em
fonte pura
As lágrimas choradas
transformaram.
O nome lhe puseram, que
inda dura,
Dos amores de Inês, que
ali passaram.
Vede que fresca fonte
rega as flores,
Que lágrimas são a água e
o nome Amores!
Luís
de Camões
in “Até ao fim do
mundo - Poesia sobre Inês de Castro”
Céu
Guedes
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