terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

54 ANOS DEPOIS


54 ANOS DEPOIS

  
Fez 54 e quatro anos que parti
Num cruzeiro que me foi oferecido
Eu, contra a minha vontade não o recusei
Porque tal não me era permitido

Na viagem imaginei bons hotéis
E belas salas de jantar
Meses, foram vinte e seis
Com visitas a vários lugares

De tudo vi e, aos poucos
Apreciei muito, tanta beleza
Mas encontrei muitos colonos
Com falta de delicadeza

Sois carne para canhão
Diziam os bons Samaritanos
Eu pensava então
Porque defendemos estes fulanos!?

Vi muito fogo-de-artifício
Que tudo estremecia ao rebentar
Era o fim ou o princípio
Dos que tinham sorte ou azar

Prometi a minha mãe o meu regresso
E fi-lo, mais sábio, e da vida com outra visão
Para mim foi o começo
De reconhecer o mal desta pobre nação

E é nesta imensa revolta que sinto
De os soldados mortos não serem respeitados
Ainda no presente eu grito
Devolvam os combatentes tombados.

Foz do Douro 09 de Fevereiro de 2019
António D. Lima

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