UM HOMEM
NÃO NASCE, FAZ-SE
(Nota:
Poema a duas vozes graves; a primeira forte, a
segunda
ainda mais forte. Ambas em tom irónico, satírico.
Uma voz
lê primeiro verso cada estrofe, a segunda o segundo verso.
Um homem
não nasce
faz-se!
Faz-se
de qualquer maneira
caso se
queira.
De dia
ou na escuridão
com amor
ou paixão.
Um homem
não nasce
faz-se!
Quando
se perde a cabeça
é feita
à pressa!
Quando
com violência
lá se
vai a decência!
Um homem
nasce a gritar
para
logo na mãe mamar!
É um
projecto de vida
curta ou
comprida!
Chora
horas a fio
de fome
ou de frio!
Faz
perrices para vencer a dele
pimba-Zás
nele!
Não é
produto acabado
terá de
ser educado!
Sofrerá
na educação
com muita,
muita lição!
Um homem
não nasce
faz-se!
Ouvirá
falar de ciência e cultura
e nas
artes da usura!
Ouvirá
falar de negócios
maneiras
de matar ócios!
Irá à
pesca ou à caça
para
mostrar para que vive!
Terá de
matar
mentir
ou roubar!
Tudo
sempre
a
trabalhar!
Um homem
não nasce
faz-se!
Uns
fazem-se doutores
outros...sedutores!
Uns
fazem-se financeiros
outros
caloteiros!
Silvino Figueiredo
Sem comentários:
Enviar um comentário