quarta-feira, 2 de maio de 2018

UM HOMEM NÃO NASCE, FAZ-SE



UM HOMEM NÃO NASCE, FAZ-SE
(Nota: Poema a duas vozes graves; a primeira forte, a
segunda ainda mais forte. Ambas em tom irónico, satírico.
Uma voz lê primeiro verso cada estrofe, a segunda o segundo verso.

Um homem não nasce
faz-se!

Faz-se de qualquer maneira
caso se queira.

De dia ou na escuridão
com amor ou paixão.

Um homem não nasce
faz-se!

Quando se perde a cabeça
é feita à pressa!

Quando com violência
lá se vai a decência!

Um homem nasce a gritar
para logo na mãe mamar!

É um projecto de vida
curta ou comprida!

Chora horas a fio
de fome ou de frio!

Faz perrices para vencer a dele
pimba-Zás nele!

Não é produto acabado
terá de ser educado!

Sofrerá na educação
com muita, muita lição!

Um homem não nasce
faz-se!

Ouvirá falar de ciência e cultura
e nas artes da usura!

Ouvirá falar de negócios
maneiras de matar ócios!

Irá à pesca ou à caça
para mostrar para que vive!

Terá de matar
mentir ou roubar!

Tudo sempre
a trabalhar!

Um homem não nasce
faz-se!

Uns fazem-se doutores
outros...sedutores!

Uns fazem-se financeiros
outros caloteiros!

Silvino Figueiredo

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