quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

DOIS POEMAS DO SONHO


DOIS POEMAS DO SONHO

Quando as pálpebras caíram nos diversos
recantos da cidade,
cada vagabundo só se conhecia a si mesmo,
à sua miséria e ao seu desgosto da vida.

Mas o vento fustigou-os indiferentemente
e a chuva ensopou-os a todos da mesma
maneira inóspita e miserável.

E o sonho subiu e juntou-se ao ar.
Cada velha sinfonia se desflorou numa nova
sinfonia.
A chuva secou nos fatos e as lágrimas nos
olhos.

E quando as pálpebras se ergueram nos
diversos recantos da cidade;
todos os vagabundos se conheciam
e sorriam uns para os outros.
Mário Dionísio

Lido por José Carlos Costa

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