quinta-feira, 28 de setembro de 2017

MARIONETA


MARIONETA

Queria ser, da beleza, do amor, a poetisa;
Queria que o mundo não esquecesse;
Na aridez, ser leve brisa
Que em encanto tudo envolvesse!

Alegre, espalhar Felicidade
Com ternura, numa memória sem idade!
Ir pelos caminhos, pelos montes, os trigais
Guardando no mesmo abraço,
 Os pobres, as crianças, todos os mortais!

Queria oferecer doce vinho, mel e ambrósia,
Nos meus versos carregados de poesia
E correr ao vento, nos pinhais,
Saltitando de ramo em ramo
Como, em toda a Primavera, os pardais!

Dar a todos amor, ternura,
Que na terra só houvesse ventura,
Que todos fossem tudo e iguais!

Queria que não houvesse demónios,
Não houvesse Inferno;
Fosse sempre Primavera ou Verão
E acabasse o Inverno...

Não mais haver frio nem fome
E aquele horror sem nome
A que todos chamam miséria!...

Maria Irene Costa

in “Silêncio Branco”

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